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In�cio da noite.
Em cima dos port�es, entre a rua e o amplo quintal da mans�o Xxx, Mimi est� sentada sobre as patas traseiras, seus olhos fixos na velha casa onde foi criada e finalmente expulsa. Para o leitor, n�o d� para decifrar o que ela sente.
- Finalmente aconteceu, n�?
Outro felino se aproximara pelo muro.
- Oi, Gray. Como voc� sabia que eu estava aqui?
- Seus guizos. At� os gatos chineses sabem onde voc� est�.
- S�o t�o barulhentos assim?
- Sempre achei que eles seriam a sua ru�na. Foi por causa deles que te chutaram, n�?
- N�o, seu sem bigodes. Aquela humana com cara de sapo inflado me p�e pra fora agora toda as noites. Ah, se ela fosse do meu tamanho! Ah, se ela fosse!
- Mas voc� vai ter de comer muito peixe para chegar perto do tamanho daquela torta de repolhos. Mas de que est� reclamando, n�o era voc� que reclamava de n�o poder sair a noite, Mimi?
A gata d� por um segundo um olhar triste, que logo se converte em orgulho. Mimi vira a cara e pula para fora do quintal.
- Ei! O que foi que falei errado???
- Nada. Eu quero entrar, me ajude a achar uma entrada, aqui � minha casa, minha caixa est� l� dentro e meu humano est� l� dentro tamb�m. Quero e vou entrar.
- Teu humano?
Mimi se recusa a responder enquanto vai para a resid�ncia, seguida pelo colega. Na frente, todas as portas e janelas bem trancadas, luzes apagadas no andar de baixo. D�o a volta e atr�s, a mesma situa��o, exceto por luz acesa no andar de cima. A gata n�o se d� por vencida, se posta debaixo da janela e...
- Ei! eu quero entrar!!! Abram a porta!
- Voc� � retardada, Mimi? Para de miar assim!!
- Abram!! Me deixem entrar!!!
SPLASH!
Aparece Madalena na janela, com uma bacia de �gua nas m�os.
- X�! Vai embora, gata fedida!! Vai dormir a� fora e me deixe dormir!
BLAM!
= ...
- Acho que foi sorte da gente n�o entendermos a l�ngua dela, n� Mimi... Mimi??
- �_� Grrrrrrrrrrr....
- MIMI! Onde voc� t� indo, gata?.. MIMI!!
Ela sobe uma �rvore que tem do lado esquerdo da casa. Mesmo sendo um gato, Gray s� sabe onde Mimi est� pelo barulho do guizo dela. A certa altura, v� ela dar um pulo para uma sacada lateral da casa. "Bingo!", ele exclama.
Patas acolchoadas garantem o sil�ncio de qualquer gato em qualquer terreno. S�o animais hiper-especializados em discri��o, com sentidos super-agu�ados que captam tudo o que acontece ao redor no mundo natural, e �s vezes, no sobrenatural. Da sacada, tinha uma porta envidra�ada semi-aberta para n�o abafar a casa e foi por ela que Mimi fez caminho para retomar o que era dela. Entrou numa salinha de visitas, de l� foi pro corredor do segundo andar, passeando entre os m�veis familiares de toda sua vida. Seu humano protetor estava no fim do corredor. Discreta, p� ante p�... ela estaria pisando nas pr�prias pegadas se houvessem pegadas l�, avan�ando pelos cantos, por baixo das mesinhas com vasos e arm�rios de madeira.
POFT!!
Um tamanco voa! Luzes se acendem
- AAAAH, moleca!!!
- O.O' ulp!
- Voc� acha que ningu�m ouve esse seu guizo infernal, n�o? Sua vira-latas!!
Antes de Madalena dizer "infernal" Mimi j� tinha dado meia volta e tentava voltar se ocultando em baixo dos m�veis - ela queria ficar dentro de casa!
POFT! - Outro tamanco voa.
- Eu to te vendo, x�, x�!
Antes que algo voe e a acerte de verdade, Mimi corre, para perto da escada que desce para o t�rreo, n�o sabe se segue para a varanda que entrou ou a desce. Como dois bate estacas, as pesadas pernas de Madalena se aproximam ganhando velocidade. Mimi decide pela varanda, e corre com duas pernas a mais que a monstruosidade que quer pega-la, decide se esconder atr�s de um arm�rio para tentar enganar e n�o consegue: � encurralada, encara o olhar sanguinolento de Madalena, passa por debaixo das pernas dela, mas � pega pela cauda.
- Voa, praga!!
E atira Mimi por uma das janelas do t�rreo.
- Acalmou agora, Mimi? - Gray encontra a amiga encharcada saindo de uma das fontes do quintal da mans�o - vamos passear at� de manh�, depois voc� volta e entra na casa.
- Ela quer guerra...
- Voc� me ouviu, Mimi?
- Ent�o ela vai ter guerra. - Ela se levanta, e vai de volta para casa.
E atiram Mimi de novo por uma das janelas do t�rreo.
O sol nasce, � a manh� seguinte.
Madalena dormindo sentada no corredor do andar de cima, abra�ada � uma vassoura. Ao fundo, Mimi surge pela zilion�sima vez dentro da casa, acabada, depois de uma noite sendo atirada, ainda insistindo. Sua oponente humana abre furiosa os olhos, agora emoldurados por olheiras (ser� um sapo-panda?) e cansa�o. No quadro seguinte, ela est� segurando Mimi pelo rabo, na sacada, preparando para jogar de novo (enquanto se debate mas n�o consegue arranhar)
- Dona Madalena. - uma voz chama a mulher, l� longe. A gata olha para a dire��o da voz, assim como sua oponente.
- Pois n�o, patr�ozinho?
- Onde est� Mimi?
Mimi olha para Madalena e faz uma cara de "eu sou fofa, ganhei, agora me entregue para meu humano".
Madalena olha para Mimi faz uma cara de quem n�o estava contente. E abre a m�o e joga a gata pela sacada de novo. :P
- N�o vi hoje n�o, patr�ozinho - E entra calmamente para dentro da mans�o...
[2]
O sol da manh� entra pela janela do quarto. Na cama, Ricardo, sob cobertas, sentado, olhando para o dia lindo que faz l� fora. Mimi est� em seu colo, sendo cafunezada como todo gato gosta. =^^= Mas de repente ele esconde a bichana em baixo das cobertas.
- Sr Ricardo, carta dos seus pais. - Madalena entra e entrega o envelope numa bandeija e sai. O menino abre e come�a a ler, tirando a gata debaixo das cobertas para passar os dedos atr�s das orelhas dela. D� para ver as saudades em seus olhos, ainda mais quando ele v� a foto que veio junto.
- Sabe, Mimi, meu pai tem minas de diamante l� na �frica do Sul, e passa muito tempo l� com minha m�e. Acho que nunca fui viajar com eles, n�o que eu me lembre...
Mesmo entendendo nada, a gatinha ronrona com os carinhos.
- Cof! Cof! - A amea�a de crise de tosse o faz pegar uma bombinha. Mimi s� v� a situa��o, curiosa, e do nada decide se lavar. - Invejo voc�, Mimi."
(n�o vai ser continuada)
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