Deixa eu por meus dois centavos.

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Sou bem pragmático quanto a quadrinhos no Brasil: não vende a não ser que esteja relacionado a outra coisa, seja a um universo consolidado em priscas eras quando o mercado era diferente (Marvel/DC), ou a um site na internet (ComboRangers, que veio do falecido Putaquepariu) ou ua ma revista de RPG (Holy Avenger) ou qualquer outro exemplo que vir a calhar. Se não tiver uma base de leitores importada de outra comunidade, tanto a melhor história quanto a pior história vão terminar em fracasso de vendas da mesma forma.

Pessoalmente, acho que Holy Avenger acertou em encontrar seu público - não vou discutir o mérito das histórias e personagens, havia edições em que praticamente nada acontecia - : os editores divulgaram para os leitores que já haviam na Dragão Brasil, e os fãs de anime. Souberam aproveitar o momento no mercado e duraram o que durou. Só ainda acho que não souberam aproveitar a inércia e não lançaram outros títulos, ampliar este mercado, e quiçá, aumentar os estilos de história. Medieval fantástico é legal, mas ninguém aguenta tomar só sorvete de chocolate o resto da vida. Talvez ficaram praticamente apenas em HA por medo de apostar tudo e perder o pouco que tinham.

Quadrinhos é religião pra muito poucos, mesmo entre os fãs mais xiitas de mangá ou super-heróis, se for pra pensar em "base de leitores de quadrinhos", é minúscula mesmo. Mas se for em base de leitores de mangá ou de RPGistas ou de qualquer outra comunidade que arriscaria comprar algo relacionado ao que gosta, deixa de ser minúscula.

Se for pra atingir um público grande, uma história tem de essencialmente divertir, servir de escape mesmo, mas não necessáriamente precisa ser débil-mental. Um bom escritor sabe transmitir uma mensagem - sejam seus pontos de vista sutilmente colocados numa única fala de um personagem secundário ou o tema da história toda - sem deixar a história que deveria divertir com gosto de óleo de fígado de bacalhau. E também sabe escrever uma história de trocentas páginas sem mensagem alguma, mas que até o leitor mais exigente vai dizer no final: putz, gostei.

5 Comentários

Wiseman em 11/01/04, às 19:02: É, c tem razão! Quadrinhos não vendem bem no Brasil. Nossa situação socio-econômica é um grande fator pra isso. E além disso o povo em geral é preconcetuoso. E muitos dos que lêem quadrinhos são mais ainda!! Então fica difícil emplacar algo novo. Mas isso num é só nos quadrinhos não.
Aliás, essa semana o Lancaster escreveu um texto muito interessante sobre isso na sua coluna no Animepro. Mas apesar de tudo, vira e mexe pipoca um título nacional novo nas bancas. Geralmente num dura muito, é verdade... mas ainda assim é um sinal de q existe esperança ^^ !!! (Reply)
Cabul em 11/01/04, às 21:18: Acho o contrário. Quadrinho vende no Brasil, vide turma da Monica e Disney que estão a anos nas bancas. O problema é que ainda não encontraram um jeito de manter o publico adolescente e adulto sem ficar num nicho especifico.
Talvez um dia encontrem um estilo que agrade o brasileiro em geral como os comics, mangas e fumettis agradam em seus paises de origem. (Reply)
Thalasyus em 11/01/04, às 23:03: Concordo com você, Mushi. Isto tudo está relacionado com uma coisinha básica: propaganda. Quem aí já viu uma propaganda de HQ? Elas até existem, mas são veiculadas apenas em outras HQs. Ou seja, só quem já lê gibi é capaz de conhecer novos gibis. Desse jeito como uma HQ pode adquirir um grande público? Combo Rangers fez sucesso porque, como você bem mencionou, ele teve propaganda na Putaquepariu que era um site muito visitado na época. Holy Avenger fez sucesso porque fez propaganda na Dragão Brasil, revista conhecida por 10 entre 10 jogadores de RPG. Por isto elas são um caso à parte -- porque foram buscar novos leitores de quadrinhos. Um outro exemplo é o da revista Herói. Na época dos Cavaleiros do Zodíaco, eles tiveram a sacação de botar uma propaganda no horário do desenho. A propaganda era rápida e banal, mas mesmo assim o resultado foi o estouro nas vendas (eles chegaram a vender 1 milhão de exemplares no auge). Neste tempo bravo em que vivemos, no qual os editores cobram um sucesso quase imediato das revistas lançadas, a propaganda tornou-se algo quase tão importante quanto a qualidade do roteiro. Porque é preciso atrair primeiro o público (propaganda) para depois torná-lo fiel (qualidade do roteiro). Enfim, falta um pouco de coragem aos editores. Ao invés de se contentarem com este patamar de público, eles poderiam estar com um público bem maior se simplesmente colocassem uma propagandinha besta na TV. Holy Avenger, Como Rangers, Alcatéia e muitas outras têm potencial para vender muito mais do que vendem hoje. É só uma questão de trazer mais gente pra banca. (Reply)
Tenente escovinha em 12/01/04, às 02:07: Sabem que eu gostei desse site????
Discussão em alto nível. Que legal! Estou terminando de escrever um livro, espero que ele contribua para o crescimento desse mercado. Tá me dando um trabalho... Gostei da opinião do seu Mushi. (Reply)
manel em 12/01/04, às 18:34: cara... cada vez q vejo alguém lúcido assim como mushi, falando sobre a realidade, eu fico meio desanimado apesar d ver uma luz no fim do túnel. fico desanimado pq sei q é verdade e pq vou ter q derrubar essa verdadeira muralha pra poder viver do q gosto, q são as HQs. mas vejo uma luz no fim do túnel pq tenho esperança q as pessoas adquiram conciência e reconheçam o potencial das HQs. e tb pq boto fé no talento brasileiro. mermão, quando o brasil consumir quadrinho com gosto, vai aparecer artista d tudo quanto é buraco. e artista do bom!! a gente vai botar terror nessa poha, e todo mundo vai querer quadrinhos brasileiros. alguém anotou? (Reply)

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