Preocupações à parte, esse novo filme do Peter Pan parece fascinante e encantador. Preciso assisti-lo.
Peter Pan é um exemplo maravilhoso da fantasia "à moda antiga", como gosto de chamar os tempos em que histórias de ficção eram inventadas sem precisar se ater a regras ou universos de criação extremamente delimitados e pré-definidos (que começou com o gênio de Tolkien e desacambou pro tedioso dos universos copiados-do-copiado-do-copiado do RPG, em que tudo é medido por números e regras, e que o pessoal insiste em verter para as histórias deixando tudo "mecânico" demais, ao meu ver).
Aliás, para quem tiver a oportunidade, procure ler o livro de J.M. Barrie que conta com um brilho, uma genialidade e até uma ironia geralmente não vista em livros infantis -- principalmente os da virada do século -- cujas qualidades foram completamente eclipsadas pelo medíocre Peter Pan da Disney, que transformou um garoto selvagem e praticamente o avatar da infância em toda a sua crueldade, num garoto com ares de pré-adolescente e roupa de ajudante de Papai Noel (não nego que adorava o Peter Pan da Disney quando criança, mas após conhecer o livro e entender o que verdadeiramente Peter Pan significa, o desenho praticamente foi deixado de lado por mim).
Esse filme parece ter compreendido bem todas as questões importantes que Barrie colocou em sua história e seus personagens, que é muito mais sobre "não querer crescer." A selvageria, a melancolia e a nostalgia de que se trata a história aparentemente estão lá para serem descobertas.
Estou francamente curiosa. Vai ser uma grande decepção se não for o que está parecendo ser.