Results matching “isto é”

Ou "parte 1 de uma série de artigos"

Então, às vezes vem uns "como seria se...?" na minha cabeça que acabam virando monstros enormes, porque gosto de fuçar detalhes e enquanto não passar o faniquito de fazer, não passa (mas, às vezes, sufoco). Esse texto que começa hoje, é um deles.


O Brasil, antes da independência, teve uma série de bandeiras tanto como colônia portuguesa, tanto como parte do reino unido com Portugal e Algarve. Quando D. Pedro passou lá perto da minha casa e decidiu que era hora dele se virar sozinho, sem essa de ficar dependendo do papai-e-rei-de-Portugal, levou o país junto nesse projeto de independência e teve de criar várias coisinhas simbólicas para indicar aqui era um novo país, uma nova fase de nossa história, coisa e tal.

Aí, criaram algo assim para representar nossa pátria:


(imagem pega da Wikipédia, como todas as outras dessa parte, ok?)

Brasão no meio (houveram algumas variações dele entre a Independência e a República), sobre losângulo losango amarelo representando nosso ouro, sobre fundo verde representando nossas matas, certo?
Não.
Quer dizer, a parte do brasão está certa, mas o verde veio da casa de Bragança, donde veio D. Pedro I, e o amarelo é dos Habsburgo, família de D. Leopoldina, esposa dele. E assim ficamos.


Bragança à esquerda, Habsburgo à direita

(admito que até acho nossas bandeiras monárquicas elegantes, mas sabem como é, regimes ruins tendem a caprichar no visual, tipo um perfuminho estético pra disfarçar o podre da estrutura)


Eventualmente, como todos sabemos, em 15 de novembro de 1889, a Monarquia se foi e se veio a República. Como pegava mal manter uma bandeira com um símbolo monárquico escancarado no meio, o novo governo adotou essa coisa criativa aqui:


...que durou só quatro dias, mas que é bem precursora do hábito nacional de sair copiando (às vezes sem reflexão) coisas de certo país do norte. Por sinal, o nome oficial do nosso país foi República dos Estados Unidos do Brasil até 1967, quando nos tornamos a República Federativa do Brasil.


"Mudou?"

Enfim, voltando pro fio da meada, a bandeira-clone-com-as-cores-dos-Bragança-e-dos-Habsburgos durou nem uma semana útil. Tiraram o brasão monárquico, mas mantiveram os também monárquicos losango amarelo sobre retângulo verde e tacaram em cima um círculo azul com faixa e estrelas... e é delas que quero falar, nas próximas partes desse post :P

[continua]


Ah, duas coisas: uma é que o resumo da nossa história e da história de nossa bandeira, OBVIAMENTE, está bem resumido tomando vários atalhos. A outra é que apesar da origem meio torta, gosto da nossa bandeira: a idéia do losango é quase que exótica num "álbum de bandeiras do mundo todo" (onde dominam faixas verticais, listras horizontais e vice versa), a escolha de cores é rara e combina - o duo verde-amarelo sozinho é praticamente um símbolo nacional por si só... ao contrário de, sei lá, azul-vermelho-branco, que tanto pode ser os Estados Unidos quanto Cuba, mais um monte de outros países, por exemplo :P

(Professor Wing)
Pai de Colleen Wing a jovem amiga do Punho de Ferro que, com sua companheira Misty Knight, mantém uma agência particular de investigação (veja Colleen Wing e Misty Knight) - o professor, grande estudioso de História Oriental, teve uma vida bastante atribulada. Anos atrás, quando fazia uma escavação na India, ele descobriu "O Livro de Todas as Coisas", considerado pelos nativos do local um tomo maldito. Não dando ouvidos para o que diziam, na mesma noite ele foi visitado por adeptos do Culto de Karakai, uma seita que acreditava existir no livro o segredo para a destruição do reino imortal de Kun Lun, onde o Punho de Ferro foi treinado (veja Punho de Ferro). Como o volume estava escrito em uma língua muito antiga, Wing levou-o à civilização para traduzi-lo. Deixando a Índia pelas montanhas, ele encontrou um monge chamado Tampa, muito ferido devido a uma avalancha. Já às portas da morte, o monge contou-lhe sobre um menino, Daniel Rand, que havia sido adotado pelos imortais de Kun Lun para se tornar o Punho de Ferro. Tempos depois, já em Nova Iorque, o professor entrou em contato com o campeão de Kun Lun e tornou-se seu grande amigo. Não tardou muito e o herói descobriu que o livro encontrado pelo pai de Colleen, na verdade, encerrava o espírito do sanguinário Ninja, o responsável pela morte de Harold Meachum (veja Ninja e Harold Meachum), e que o espadachim estava utilizando o corpo do professor para se manifestar na Terra. Com muito esforço, o campeão marcial conseguiu derrotar o criminoso oriental, e o professor ficou livre da terrível influência. Contudo, o destino foi cruel para com ele. Encontrado pelo vilão Angar, que desejava raptar sua filha, Wing teve a mente praticamente destruída pelos gritos alucinantes do terrorista (veja Angar, O Gritador). Criado por Doug Moench em 1974, até hoje ele continua hospitalizado, vivendo em estado vegetativo.


Índice: ABCDEFGHIJKLMNOSobre esse projeto


(de Kurt Busiek e Brent Anderson)

Mais uma leva de histórias curtas e relativamente fechadas =)
• Depois de Simon Magus, que conhecemos em passagens rápidas pela Era das Trevas, A Auxiliar de Feiticeira nos apresenta a Adepta de Prata, outra personagem mística (que parece ser a maga suprema daquele mundo :P), com toda a carinha de que nasceu depois que Astro City começou a ser publicado :P A história é contada pelo ponto de vista de sua secretária (que é artista, boa de organizar agenda e sabe improvisar) e temos um mini-arco que é quase um conto de fadas: os personagens são esquisitos e bem restritos com um problema aparentemente simples que só a protagonista pode solucionar.
• Tem histórias que você logo manja onde vai dar e que é uma metáfora para outra coisa, por exemplo: vícios. A Floresta Escura e Densa é dessas.
Valsa das Horas é uma hq com pistas falsas pro leitor, com idas e vindas no tempo, e uma excelente redenção de vilão através do amor XD Não é ruim, mas não gostei 100% da execução da trama.
• O par de capítulos Amigos da Ellie e Amigos e Relações, que conta a história de uma velhinha que coleta, reforma e coleciona robôs danificados de super-vilões funcionou legal pra mim (apesar que o sobrinho da personagem central e o que ele trouxe devia ter sido substituído por algum recurso narrativo melhor) até mostrarem o passado dela. Ter uma "origem secreta" às vezes quebra o encanto.
Ah, temos uma Victor von Doom de saias, cuspida e escarrada :P
• A último conto do volume, Eu Queria Poder..., é simpática, com personagem em negação e percebendo que criou seus próprios preconceitos para lidar com um ambiente carregado de preconceitos pra quem está fora do padrão. A primeira e essa aqui são minhas preferidas do volume, mas admito que essa aqui é por motivos não-racionais.

# Veredicto: mais um bom gibi pra estante :)
# Bom: apesar de algumas escorregadelas, Kurt Busiek faz personagens são humanos e você se importa com quase todos. Inclusive, é um dos "defeitos" de Astro City: 20 páginas depois e um carinha que praticamente só fez figuração estes anos todos se torna (mais) um dos seus personagens preferidos da série :P
# Mau: como disse acima: uma história inteira e detalhes na narração de duas ficaram bem a desejar. Mas queria pontuar outro problema que não é específico desse volume, mas do título como um todo: volta e meia abrem-se tramas, vislumbram-se possibilidades... e demora uma eternidade pra reaparecer e andar, quanto mais fechar.
176 páginas • R$26,90 • 2019 • veja no site da editora

lista de resenhas de Astro City:
1 - Vida na Cidade Grande
2 - Confissão
3 - Álbum de Família
4 - O Anjo Maculado
5 - Heróis Locais
6 - A Era das Trevas 1 - Irmãos & Outros Estranhos
7 - A Era das Trevas 2 - Irmãos em Armas
8 - Estrelas Brilhantes
9 - Portas Abertas
10 - Vitória


Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui

(de Katsuhiro Otomo)

Uma edição praticamente sem um personagem (que retorna, depois da história fazer um replay do começo), e mais um calhamaço de páginas passadas em poucas horas, mas ainda assim, dá pra ver que a trama está desacelerando, de uma trama de adolescentes querendo agitar com drogas, motos e total ausência de preocupação com consequências, agora entramos aos poucos no pântano de conspirações, personagens com moral cada vez mais cinzenta elaborando planos próprios, executando golpes. ...e eventualmente você descobre que muito desse tipo de esforço vai pro lixo fácil :P Uma coisa interessante, vista de alguém de 2020 real, é ver quão anos 90 era a tecnologia futura imaginado no começo dos 80: não temos internet, não temos celulares, os computadores são de tubão. Os carros estão mais pra lá que pra cá, não temos drones (mas temos robôs-bola à prova de tudo, menos de personagens engenhosos).

# Veredicto: rumo ao quarto volume XD.
# Bom: apesar de não ter a força dos volumes anteriores, esse mantém a qualidade gráfica/narrativa e o interesse de quem lê.
# Mau: depois do 11 de setembro, você olha com muito ceticismo como ficam os prédios, na HQ, depois de fortes explosões. E ainda acho essa capa mal-colada por dentro um serviço bem porco pra um gibi caro.
288 páginas • R$69,90 • 2018 • veja no site da editora
Akira #1Akira #2

Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui

Os Ebionismo era uma ramificação do Cristianismo Primitivo que pregava, entre outras coisas, que os cristãos deveriam seguir os mandamentos judaicos, além de rejeitar os ensinamentos de Paulo e considerar que Jesus era o messias, mas não Deus, que não nascera de uma virgem, mas que era filho biológico de José.
Aparentemente os ebionitas tinham por literatura uma versão reduzida de Mateus, com adulterações e escrito em grego, chamado de "Evangelho dos Ebionitas". Digo "aparentemente" porque o livro original se perdeu no tempo e o que conhecemos são citações que Epifânio de Salamina fez no século IV na sua obra Panarion, em que critica várias heresias.

Por que quis traduzir isso?

Porque faz um tempo estou fazendo um paralelo dos quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), mas também quero agregar material de dentro e de fora do cânon nessa comparação: existem diversas citações do Antigo Testamento citadas, dizem que tem textos de fora da Bíblia que são citados (a conferir), e, claro, existem textos apócrifos que valem a comparação com os textos canônicos, além de outros textos antigos não-religiosos (e não judaico-cristãos) que talvez sejam interessantes colocar nesse agregado.

Aí que entra o Evangelho dos Ebionitas: é um dos poucos evangelhos apócrifos que chegaram a nossos tempos, na verdade, comentários e sete fragmentos dele. Por isso, ele merece ser citado no meu trabalho - e só por isso, porque o que sabemos dele não tem muito de novo em relação aos evangelhos oficiais, e o que tem de diferente é mais a favor da doutrina deles do que alguma cena diferentona ou historicamente interessante :P

Enfim, a seguir a tradução dos trechos do Panarion (heresia número XXX) relativos ao evangelho em si. Comentários de Epifânio estarão em cinza, quotações do texto, em preto, seguidos por números em vermelho, que indicam a provável ordem de aparição destes fragmentos no texto inteiro. Ah, essa minha tradução é feita em cima de traduções em inglês: meu inglês é ruim, mas meu grego é bem pior :P Vou por os links e algumas referências off-line lá embaixo.


13:1 Mas retomarei a minha argumentação contra Ebion - por causa do evangelho segundo Mateus, o curso da discussão me obrigou a inserir todo o conhecimento que adquiri.
13:2 Agora, no que eles chamam de um Evangelho segundo Mateus, embora não seja o Evangelho completo, mas um corrompido e mutilado - e eles chamam essa coisa de "Hebraico"! - a seguinte passagem é encontrada:
[4] "Havia um certo homem chamado Jesus, e ele tinha cerca de trinta anos, e ele nos escolheu. E, chegando a Cafarnaum, entrou na casa de Simão, apelidado Pedro, abriu a boca e disse:
13:3 Enquanto eu caminhava junto ao mar de Tiberíades, escolhi João e Tiago, filhos de Zebedeu, e Simão, André, Filipe e Bartolomeu, Tiago, filho de Alfeu, e Tomé, Tadeu, Simão, o zelote, e Judas Iscariotes. Você também, Mateus, sentado no posto de recebimento dos impostos, chamei e você me seguiu. Quero, pois, que sejais doze apóstolos em testemunho a Israel.
13:4 E [2] "isso sucedeu de acontecer quando João batizava, que os fariseus vieram a ele e eram batizados, e toda Jerusalém também. E ele tinha uma veste de pelos de camelo e um cinto de couro ao redor dos lombos. E a carne dele", diz, "era mel selvagem, cujo sabor era como o de maná, como bolo em óleo."
13:5 Portanto, eles resolveram tranformar a palavra da verdade em uma mentira e substituiram "bolo em óleo" no lugar de "gafanhotos"
13:6 Mas o começo do evangelho deles é:
[1a] "Isso aconteceu nos dias de Herodes, rei da Judéia, sob o sumo sacerdote Caifás, em que um certo homem chamado João, veio batizar com o batismo de arrependimento no rio Jordão. Dizia-se que ele era da linhagem do sacerdote Arão, filho de Zacarias e Isabel, e todos foram a ele".
13:7 E depois de dizer muitas coisas, acrescenta: [3] "Quando o povo foi batizado, Jesus também veio e foi batizado por João. E quando ele saiu da água, os céus foram abertos e ele viu o Espírito Santo descer na forma de uma pomba e entrar nele. E uma voz foi ouvida do céu dizendo: Tu és meu Filho amado, em ti me comprazo; e outra vez: Hoje te gerei. E de repente uma grande luz brilhou naquele lugar. Vendo isso", diz, "João disse-lhe: Quem és, Senhor? E novamente veio uma voz para ele do céu: Este é meu Filho amado, em quem me comprazo".
13:8 "E então", diz, "João caiu diante dele e disse: Peço-te, Senhor, me batize. Mas ele o proibiu dizendo-lhe: deixe como está, pois é assim que tem de acontecer".
14:1 Veja como o ensino totalmente falso deles é manco, torto e não está correto em lugar nenhum!
14:2 Pois, supostamente usando o mesmo chamado Evangelho segundo Mateus, Cerinto e Carpócrates querem provar desde o início de Mateus, pela genealogia, que Cristo é o produto da semente de José e Maria.
14:3 Mas essas pessoas têm outra coisa em mente. Eles retiram a genealogia no Evangelho de Mateus e o abrem, como eu disse, com:
[1b] "Aconteceu nos dias de Herodes, rei da Judéia, no sumo sacerdócio de Caifás, que um certo homem, chamado João, veio batizar com o batismo de arrependimento no rio Jordão", e assim por diante.
14:4 Isso porque eles pregam que Jesus é realmente um homem, como eu disse, mas que Cristo, que desceu na forma de uma pomba, entrou nele - como já vimos em outras seitas - e se uniu a ele. O próprio Cristo veio de Deus nas alturas, mas Jesus é filho da semente de um homem e de uma mulher.
14:5 Mas eles negam que ele é um homem, supostamente com base nas palavras que o Salvador falou quando lhe disseram:
[5] "'Eis que tua mãe e teus irmãos estão do lado de fora'. Quem são minha mãe e meus irmãos? E estendeu a mão para os discípulos e disse: Estes são meus irmãos, mãe e irmãs, estes que fazem a vontade de meu Pai."
14:6 E assim Ebion, como eu disse, que está abarrotado de todo tipo de truques, que se mostram de várias formas - fazendo dele uma monstruosidade, como indiquei acima.
[...]
16:3 E eles dizem que é por isso que Jesus foi gerado da semente de um homem e escolhido, e então foi chamado Filho de Deus por eleição, depois que o Cristo veio a ele do alto na forma de uma pomba.
16:4 Mas eles dizem que ele não foi gerado por Deus Pai, mas criado como um dos arcanjos, e que ele é o governante dos anjos e de todas as criaturas do Todo-Poderoso; e que ele veio e nos instruiu a abolir os sacrifícios.
16:5 Como diz o tal evangelho:
[6] "Eu vim para abolir os sacrifícios, e se você não deixar de sacrificar, a ira não deixará de pesar sobre você". Essas coisas e outras desse tipo são fraudes inventadas que estão presentes entre eles.
[...]
22:4 Mas, para destruir deliberadamente a verdadeira passagem que essas pessoas alteraram o texto - o que é evidente para todos pelas expressões que a acompanham - e representou os discípulos dizendo:
[7] "Onde quer que preparemos para comer a Páscoa?" e ele supostamente dizendo: "Eu realmente queria comer carne nesta Páscoa com vocês?".
22:5 Mas como a adulteração pode passar despercebida, quando a passagem grita que o "mu" [μ] e o "eta" [η] são adições? Em vez de dizer ἐπιθυμίᾳ ἐπεθύμησα, eles colocaram o μή adicional. Cristo disse realmente: "Com desejo, desejo comer esta Páscoa com você." Mas eles se enganaram escrevendo carne e fazendo um registro falso dizendo: "Eu realmente queria comer carne nesta Páscoa com vocês?". Só que é claramente demonstrado que ele manteve a Páscoa e, como eu disse, comeu carne.


Notas:
1) O fragmento de abertura do Evangelho dos Ebionitas tem duas versões ligeiramente diferentes, por isso foram numeradas como "1a" e "1b".
A versão em inglês do Panarion que tomei como base é essa aqui, mas também consultei essa tradução dos fragmentos na Wikisource, fora a tradução que tem no livro "The Complete Gospels", editado por Robert J. Miller.
2) Achei também uma tradução em português apenas dos fragmentos, aqui.
3) Sobre o Ebionismo, o evangelho deles, Epifânio e o Panarion, também recomendo dar uma olhada nos artigos da wiki em inglês =p
4) Obviamente, estou aberta a correções, meu inglês é bem deficiente e grego é grego para mim X)
5) Por fim, se alguém chegou até aqui, deixo uma amostra de como está ficando meu paralelo dos Evangelhos (apesar que terei de muda-lo completamente, já que assim é um documento impublicável =_=): clique aqui e veja, avisando que só o texto da tabela está escrito, o restante está com texto "falso" indicando onde terei de escrever mais, futuramente^^

Sobre esses posts(Natal)Marcos 1Marcos 1, de novoMarcos 3Marcos 5Fighting Fantasy - the SynopticsSobre dar esmolas, ser cristão e alguns pastores no twitter: uma colagem de versículos

(de Katsuhiro Otomo)

Como não falei na resenha anterior, comecei 2020 lendo uma HQ de 2019 :P Aqui o ritmo continua frenético (todo o volume se passa em bem mais ou menos um dia), a trama se afunila, Tetsuo se ferra, conhecemos o personagem título (fora de potinhos), há profecias no ar... E Kaneda continua idiota.

# Veredicto: é um gibi que te gruda nele até acabar de ser lido.
# Bom: personagens, história, ritmo, diagramação, traço.
# Mau: não sei se foi só minha edição, mas parte colorida do interior da capa veio bem mal colada (só a borda lateral, em vez de toda) da parte externa. Ficou feio, ficou esquisito, só não atrapalha a leitura, mas, né, gibi caro devia ser perfeito fisicamente também :P
304 páginas • R$69,90 • 2018 • veja no site da editora

Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui

Um post com título chamativo pra uma decisão boba: quando comecei a fazer postagens no blog chamadas "'resenhas' rápidas" era pra fazer comentários mais informais e ligeiros das histórias que consumia, meio que pra diferenciar das resenhas mais elaboradas que bem ocasionalmente fazia.
Mas logo boa parte das próprias "'resenhas' rápidas" ficaram bem elaboradas, e o nome em comum de todas estas postagens acabou virando só uma espécie de selo pra identificar esse tipo de texto aqui no blog. E hoje me toquei que não preciso dessa muleta, de ter o nome "'resenhas' rápidas" e agrupar um número de resenhas para saírem juntas lá fora, na internet :P E talvez já não estava precisando faz um tempo mesmo: o que nasceu como um recurso para "soltar" minhas opiniões mais facilmente alguns anos atrás deslanchou ano passado e acho que não preciso mais de muletas, que começam a atrapalhar meu andar.
Assim, estou aposentando o hábito de agrupar um grupo de opiniões sobre livros/gibis/filmes sob o mesmo guarda-chuvas, mas elas continuarão acontecendo aqui. E as muletas, elas vão ficar guardadas ali, talvez eu nunca mais as use, talvez eu me machuque e precise voltar à elas, talvez ache outra utilidade no futuro, como fiz com o Heya, né? :)

(Polaris)
Os pais de Lorna Dane morreram num acidente de avião poucas semanas após o seu nascimento. A pequena órfã foi então adotada pelos Danes, provavelmente a irmã e o cunhado de sua mãe. Os Danes nunca disseram a Lorna que não eram seus verdadeiros pais, temendo que a verdade tivesse um efeito traumático demais sobre ela. Lorna só foi saber do acidente de avião e que havia sido adotada, aos vinte anos de idade. Como nasceu com cabelos verdes, a jovem e seus pais adotivos sempre os mantinham tingidos de castanho para que não chocassem as pessoas. Durante muito tempo, a cor do cabelo era o único sinal da fantástica estrutura genética da jovem. Ela possuía um potencial latente para provocar fenômenos magnéticos, mas certos fatores físicos impediam que suas capacidades se manifestassem. Seguindo o curso normal dos acontecimentos, suas habilidades jamais viriam a tona, mas a intervenção de Samuel Saxon, o mestre roboticista cujos padrões cerebrais foram preservados em Mecanus (veja Mecanus), alterou seu destino completamente. Saxon havia construido um andróide duplicata de Magneto, o mutante com grandes poderes magnéticos que, na época, havia sido dado como morto (veja Magneto), e também um pequeno exército de robôs com estranhos poderes chamados de semi-homens. O plano de Samuel era utilizar os seres mecânicos como meio para acumular riqueza e poder, fazendo o mundo acreditar que todos os mutantes eram malignos. Saxon, porém, descobriu que precisava de mutantes reais para conduzir seu exército enquanto permanecia oculto, dando instruções através do robô de Magneto. Primeiro, ele fez com que o andróide do mestre do magnetismo recrutasse Mesmero para servir de comandante (veja Mesmero). Logo a seguir, ele fez com que seu aliado utilizasse um gerador psíquico - instrumento semelhante ao computador Cérebro que o Professor X utiliza para localizar mutantes (veja Charles Xavier) - para atrair todos os mutantes do país que possuíssem poderes magnéticos. O mutante mais próximo era Lorna Dane, que se sentiu compelida a viajar até São Francisco, a cidade onde Mesmero se encontrava. Mesmero e seus andróides capturaram a jovem e a colocaram em um simulador genético, que alterou toda a sua estrutura celular, permitindo que seus poderes se manifestassem. Enquanto isso, o vilão usou seus poderes hipnóticos para mudar a personalidade de Lorna de forma que ela simpatizasse com o falso Magneto e sua causa. Em Dane foi incutida a idéia de que Magneto era seu pai e que ela havia herdado os poderes dele. Pouco tempo se passou até que Mesmero perdesse seu controle sobre a moça, certo de que Lorna obedeceria às ordens de seu suposto pai, não importando o que acontecesse. Pelo contrário, quando o Homem de Gelo, então X-Man, revelou a ela que Magneto não era quem ela pensava, e contou-lhe toda a história do acidente aéreo, bem como sua adoção, a mutante uniu-se aos X-Men para combater o robô de Magneto. Mesmero e o andróide conseguiram escapar, os semi-homens foram destruídos e Saxon, com seus planos frustrados, teve que voltar a alugar seus serviços de assassino, utilizando seres mecânicos para matar. Durante algum tempo, a bela mutante de cabelos verdes afeiçoou-se a Robert Drake, o Homem de Gelo (veja Homem de Gelo), mas acabou se apaixonando por Alex Summers, também conhecido como Destrutor (veja Destrutor). Como nenhum dos dois jamais desejou viver uma vida de aventuras e ambos descobriram um interesse mutuo por geofísica, Lorna e Alex estabeleceram-se na Califórnia para desenvolver pesquisas nesse campo. Desde então, os cientistas passam a maior parte de seu tempo distantes de todos. Dane não se preocupa mais em tingir o cabelo. Criada por Roy Thomas em 1967, nem ela (que recebeu o nome de Polaris) nem Summers jamais foram integrantes fixos dos X-Men, mas sempre auxiliaram o supergrupo mutante em situações de emergência.


Índice: ABCDEFGHIJKLMNOSobre esse projeto

• Skreemer (de Peter Milligan, Brett Ewins e Steve Dillon): uma das últimas leituras do ano passado, e uma mini-série que sempre ouvi elogios aqui e ali, mas nunca tive a oportunidade de ler. Num futuro pós-apocalíptico, onde uma praga matou boa parte das pessoas, a ruína do que eram os EUA viraram tipo uma colcha de retalhos de pequenos territórios controlados por "presidentes", na verdade gangsters. A história tem toda aquela vibe da época da Lei Seca, com todos os personagens "durões" (até as mulheres) e conta a história e a queda de Skreemer, o maior de todos os presidentes daquela era.
Curioso que o enredo se situa "num futuro", mas com poucos ajustes dava para coloca-lo em quase qualquer era sem perdas na trama. A narrativa contando duas histórias que se fecham depois do fim (uma é de Skreemer, a outra é do narrador) se encaixa perfeitamente, mas o final é morno (mesmo que com cenas chocantes aqui e ali), meio que por culpa do personagem título, que em alguns momentos se autodefine como uma estátua e, bom, emocionalmente é.

# Veredicto: muito bom gibi, mas também não é um clássico. Precisava de capa dura não.
# Bom: a arte casa perfeita com o roteiro; o mundo construído é escasso em informações mas é perfeito pra história que é proposta. As biografias dos personagens (em flashback) são muito boas e encaixadas muito bem no decorrer da trama.
# Mau: a revelação do "dom" de Skreemer é um elemento bem desnecessário, pra trama e pro personagem - que é do tipo que levanta o enredo mas também faz muito desabar. Outra muleta no roteiro que não funcionou pra mim foram as citações à Finnegan's Wake.
180 páginas • R$59,00 • 2017 • veja no site da editora

• Akira #1 (de Katsuhiro Otomo): Tetsuo e Kaneda são membros de uma gangue drogas encontram um estranho garoto paranormalidade aparece o exército tiros Tetsuo some Kaneda encontra gente subversiva misteriosa se envolve com eles perseguição depois decide ir atrás de Tetsuo que virou líder de uma gangue rival violência ~~~~> Tudo isso e mais acontece nessa edição, num ritmo frenético, diagramação invejável, linhas perfeitas e narrativa exata, praticamente sem barrigas.
Uma aula (de parte) do que o mangá é capaz.

# Veredicto: se não leu, tá moscando. E é um HQ rápida, tem o mesmo tanto de páginas que os dois outros gibis desse bloco de resenhas e você lê na metade do tempo de qualquer um deles.
# Bom: edição grandona, em preto e branco, no sentido oriental. Nada contra a versão dos anos 90 do mangá, com sentido de leitura adaptada pro ocidente e lindamente colorizada por Steve Oliff, mas prefiro (dentro do possível) ler/ver uma obra na forma em que ela foi pensada pelo autor
# Mau: a adaptação desse mangá para anime :P
364 páginas • R$69,90 • 2017 • veja no site da editora

• Astro City: Vitória (de Kurt Busiek e Brent Anderson): na edição anterior estava achando que a série estava ficando dependente demais de cronologia. Aqui meio mordo a língua, boa parte do volume é uma história até que bem auto-contida, apesar de ser centrada em personagens já apresentados e ocorrer em quatro partes:
A Vista de Cima, A Vista das Sombras, A Vista do Coração e Vitória poderia ser fácil uma história da DC, já que temos Vitória Alada, Samaritano e Confessor (as versões locais de Mulher Maravilha, Super-Homem e Batman). Nela temos mais informações sobre a origem e os poderes da Vitória Alada, que é o centro e condutora desse arco: feminista, ela prioritariamente salva mulheres, tem vários escolas em que ensina mulheres a se defenderem, etc. Aqui tudo o que ela construiu é posto em dúvida, corre o risco de de perder os poderes e... bom, a história encerra e não preciso dar muitos spoilers :P
Mas o roteiro tem alguns defeitos na estrutura que me incomoda: o abatimento da personagem parece ter vindo mais do roteiro que da personagem, e um grupo de pessoas que supostamente são sábias e bem-sucedidas (a ponto de gerarem poder!) fazendo um julgamento raso e quase infantil - ficou a impressão que só havia uma voz de bom senso lá dentro, e se fosse assim, estas pessoas não seriam sábias tampouco bem-sucedidas :P
• O Guia do Visitante é uma peça em duas partes: 1) uma das melhores histórias (e mais curtas) da série, na minha opinião, em que uma turista entediada quer aproveitar de verdade suas férias em Astro City, e consegue :) (a página final sempre me faz rir) e 2) páginas de um guia turístico da cidade, com informações soltas sobre a geografia (tem até um mapinha!), história e personagens (com artes de vários artistas). Uma excelente forma de entupir o leitor de informações sem soar artificial.

# Veredicto: continuo achando que "não existe edição ruim de Astro City".
# Bom: o Guia do Visitante é pouco ambicioso em narrativa, mas é bem eficiente. O arco da Vitória Alada é uma história bem desenvolvida, que firmou um romance que estava no background e pôs o Confessor novo no mapa.
# Mau: faltou leitura crítica feminista no arco da Vitória :P E olha que você percebe opiniões no roteiro que devem ter vindo de terceiros (e certeza que o Busiek tem assessoria às vezes, o arco do advogado e do Cavaleiro Azul (em Heróis Locais) grita que teve: o escritor dá uma voltona no enredo para não queimar a advocacia e o próprio conceito de tribunal). Também achei dispensável a tradicional briga de heróis - isso nunca aconteceu em AC e não precisava acontecer - antes de irem atrás do vilão, que por sinal ficou devendo background pra ficar interessante.
180 páginas • R$25,90 • 2016 • veja no site da editora

lista de resenhas de Astro City:
1 - Vida na Cidade Grande
2 - Confissão
3 - Álbum de Família
4 - O Anjo Maculado
5 - Heróis Locais
6 - A Era das Trevas 1 - Irmãos & Outros Estranhos
7 - A Era das Trevas 2 - Irmãos em Armas
8 - Estrelas Brilhantes
9 - Portas Abertas


Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui

Série de posts em que deduro meu consumismo e tento (tá difícil) tomar vergonha na cara =P
Posts anteriores: janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro.

Nacionais:
1 de dezembro:
Dragon Ball Super #8: mesma opinião que aqui (11 volumes até agora)
Lobo Solitário #17: mesma opinião daqui (28 volumes)
Naruto Gold #51 e 52: mesma opinião que aqui (72 volumes)
My Hero Academia #23 #24: mesma opinião aqui :P
Príncipe Valente 1952: mesma opinião que aqui, como conseguir números atrasados? :P
12 de dezembro:
Relógio do Juízo Final #8: mesma opinião que aqui (12 edições)
The Promissed Neverland #8: mesma opinião que aqui (15 volumes até agora)
16 de dezembro:
Akira #6: série completa! Agora finalmente poderei ler tudo de ponta a ponta, até o final ♥ (e ainda acho o anime superestimadíssimo)
Capa Preta: só ouço elogios pro trabalho do Lourenço Mutarelli, e também avisos que a obra dele é pesada, escrita sob forte efeito da depressão.
Quarto Mundo #4: mesma opinião que aqui e torcendo muito para que vão até o fim^^
22 de dezembro:
DC encontra Hanna-Barbera #1: curiosidade pra lá de mórbida, admito.
Capitão Feio: Tormenta: é Graphic MSP, sempre vale a pena conferir. O primeiro gibi do personagem foi correto, bem feito, mas nada excepcional.
Dr Slump #15: mesma opinião que aqui (18 volumes)
Dragon Ball #5: mesma opinião que aqui (34 volumes)(!)
Naruto Gold #53: mesma opinião que aqui (72 volumes)
29 de dezembro:
DC Encontra Looney Tunes: mais curiosidade mórbida :P (mas logo termina nas bancas esse ciclo "Hanna-Barbera" pra eu finalmente ler e me desfazer... ou não :P)
Ghost in the Shell: mangá famoso, que virou anime e filmes... e que ainda não li nada. Antes desse teve um volume 1 e o 2, esperando a vez para serem lidos :)
TerraPlana: bobeei de não pegar no Catarse, mas achei lá na Ugra :)

Importados:
1 de dezembro:
Absolute Swamp Thing #1: um dos melhores gibis da DC, do Alan Moore e da história dos comics mesmo. Claro que eu iria querer em tamanho grande :P (serão 3 edições e rezo pra caber no meu bolso....)
Super Late Bloomer: Julia Kaye é uma quadrinista em transição também e as tirinhas autobiográficas dela no instagram são legais :)

Leituras de dezembro
Astro City 7
Astro City 8
Astro City 9
• Astro City 10
• Astro City 11
• Astro City 12
Perfura Neve
Cangaço Overdrive
• Skreemer
• Geração 12 #3

...e destaques das minhas leituras em 2019:
(tentei fazer uma ordem dos melhores/piores acima de suas categorias, mas não levem isso de forma absoluta e pétrea)

melhores leituras
Astro City - não existe edição ruim de Astro City.
Yeshua - foda =)
Eu Mato Gigantes - grata surpresa, recomendão
Beasts of Burden: Rituais Animais - recomendo muito esse primeiro volume.
FullMetal Alchemist - faz tempo que um gibi não me faz devorar as páginas.
Ayako
Alias
Pluto - perde força na segunda metade, mas vale a viagem.
À Deriva - falando em viagem...
Tina: Respeito - boa história e ardeu nas pessoas certas.
Jeremias: Pele
O Bestiário Particular de Parzifal - outra grata surpresa.

piores leituras
O Rei Amarelo em Quadrinhos
O Despertar de Chtulhu em Quadrinhos
Demônios da Goetia em Quadrinhos - só se salva 1½ história (nos três volumes)
Cebolinha: Recuperação
Novos Atlantes
Doutrinador
Pérola
Os Desviantes - dos três gibis da Guará, só Santo salva (mas não se destaca)
Visão - talvez o fator 'decepção' conte aqui :P
Perfura Neve - outra decepção.

nota idiota: a cada trimestre, e depois bimestre, tirava fotos da pilha de leitura do período e falava a altura da mesma, no instagram :P
2019 deu uma pilha de 1,437m

• Cangaço Overdrive (de Zé Wellington e Walter Geovani): A grosso modo: cangaceiro é revivido num futuro próximo para lutar (e se vingar) contra o volante (policial) que o perseguia no passado. Temos uma comunidade sendo cercada pela polícia, ainda à serviço de quem tem dinheiro, diversidade, alguns truques high tech (afinal, o gibi se vende como mix de cangaço e cyberpunk) (e não tão high tech assim, pela tecnologia, dá pra intuir que é um futuro relativamente próximo) e emulação de tweets no texto, fora algumas riminhas ocasional de cordel.
Você sente que tanto o lugar quanto os personagens tem mais o que mostrar, mas a quantidade de páginas só nos permite ver alguns detalhes.

# Veredicto: divertido, mas pouco de novo - dava para fazer mais.
# Bom: roteiro, arte e cores muito bons, além disso, de todos os personagens terem voz própria e importância. E o simples fato da história se passar num nordeste ficcional criado por nordestinos reais, nos livrou de ler mais uma caricatura dessa região rica do país.
# Mau: a parte tecnológica na trama é quase mágica às vezes, não explica muito (tipo, as duas ressurreições centrais do enredo :P). A arte é legal, mas é quadrada, gringa demais, podia ter ousado. Tanto cangaço quanto cyberpunk tem uma estética forte que podia ter marcado presença aqui, mas não passaram de alguns recordatórios.
72 páginas • R$37,90 • 2018 • veja no site da editora

• Astro City: Portas Abertas (de Kurt Busiek e Brent Anderson): empolguei uma amiga com a série, então vou correr pra terminar os 12 volumes publicados (esse é o nono, como tá indicado escondidinho na capa traseira) e torcer pra dona Panini resolver colocar o material que falta nas bancas.

E temos o início de uma nova fase pra série, quando o título passou a ser da Vertigo e ganhou nova numeração (nos EUA( e acho que uma alteração de postura do autor quanto à obra, mas antes de teorizar baseado no meu puro achismo, vou dar um resumo nas histórias curtas desse volume:
• Novos personagens, novas situações e o retorno do protagonista de uma das histórias mais sem sal do título em Portas Abertas - Parte Um.
Bem-vinda à Global Humana e Erros contam a história de uma funcionária de um dos melhores empregos que já li: fazer parte de uma equipe paga para localizar, triar e direcionar problemas para super-heróis resolverem :) Sei lá se eu teria fibra pra aguentar o trampo, mas queria mandar meu currículo pra eles :D
• Outra retomada de personagem, dessa vez secundária de enredo anterior (de Heróis Locais), em Na Geral: nem todo mundo que tem super-poderes quer ser super-herói, ou super-vilão, às vezes quer ter só um trabalho e vida comuns, usando os dons que tem. Só que às vezes aparecem vilões clichê e burros querendo estragar até isso das pessoas :P Não é uma história top, mas diverte (e melhor que a outra com aparição dela)
• O personagem mais estranho que apareceu na primeira história retorna em Percevejos e Linha de Tricô, contando 2 fragmentos e uma história curta com personagens novos (eu sabia que o Kurt não resistiria a um lovecraftianismo). Tudo meio que filler, mas deixando subsídios para histórias futuras, imagino.
Portas Abertas - Parte Um, um embaixador alien vem à Terra, deixando seu portal sobre um dos rios de Astro City. Na Parte Dois, descobrimos que os rios são jurisdição do (corrupto, aparentemente) sindicato dos estivadores, um funcionário vai lá tomar satisfações e ganha confiança do alien, e faz mais algumas coisas que gera problemas, o faz pensar e deixa alguns ganchos pro futuro. Essa história e a anterior para mim são o ponto fraco do volume.

Agora, meu achismo: até este volume, tirando os arcos com duas histórias e as mini-séries especiais, quando você pegava uma história de AC, você conseguia entender ela sabendo o mínimo daquele universo: eram HQs auto-contidas, saber mais sobre a série enriquecia a leitura, mas não era obrigatório. Algumas das histórias ainda mantém esse jeitão que para mim é um dos charmes da série, mas pelo menos três delas são bastante amarradas à uma cronologia e não tão acessíveis à quem chega desavisado à Astro City.

# Veredicto: com mais altos que baixos, até aqui é uma série que merece estar na minha estante.
# Bom: Eu sei que talvez seja mais descontentamento com meu emprego real do que mérito da história, mas li e reli Global Humana :P Como toda boa história de AC, são pessoas normais lidando com o fantástico... como se fosse coisa normal, porque pra elas, ali, é.
# Mau: há um mistério esquisito insinuado por um novo personagem quebrador de quarta parede também tão esquisito. Não curti.
196 páginas • R$23,90 • 2015 • veja no site da editora

lista de resenhas de Astro City:
1 - Vida na Cidade Grande
2 - Confissão
3 - Álbum de Família
4 - O Anjo Maculado
5 - Heróis Locais
6 - A Era das Trevas 1 - Irmãos & Outros Estranhos
7 - A Era das Trevas 2 - Irmãos em Armas
8 - Estrelas Brilhantes


Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui

Antes de começar, lista de resenhas anteriores de Astro City:
Vida na Cidade Grande
Confissão
Álbum de Família
O Anjo Maculado
Heróis Locais
A Era das Trevas 1 - Irmãos & Outros Estranhos
A Era das Trevas 2 - Irmãos em Armas

• Astro City: Estrelas Brilhantes (de Kurt Busiek e Brent Anderson): mais um volume com várias histórias fechadas, em vez de uma grande "saga". O diferencial aqui é que os contos são maiores que o usual, em torno do dobro de páginas, tanto que aqui temos apenas quatro histórias, cada uma focando um personagem:
• Em A Águia e a Montanha reencontramos o Samaritano e somos apresentados a um de seus vilões, o Infiel. Já aviso que é uma das melhores histórias que li da série (reli, por sinal: essa saiu num encadernado da Pixel que misturava histórias aleatórias de Astro City). O Infiel deve ser um dos vilões com backgrounds mais... preciosos que já li: nascido onde é hoje o Quênia, sempre curioso e inteligente, foi escravizado nas suas buscas por conhecimento e aprendeu alquimia na Pérsia (minha memória pode estar me enganando), no auge do Islã. Achei foda por causa da escolha rara de etnia, de período histórico, de quase zero contato com o Ocidente (tirando um cruzado ou outro) por séculos: o autor o montou para ser o oposto em origens ao heróis, e poderia facilmente ser alguém de origem arturiana, ou nazi, ou romana, por exemplo. Seria mais um numa multidão de outros personagens com essa origem, e ainda assim teria todos os itens necessários a ser um anti-Samaritano. De qualquer forma, Kurt Busiek pegou uma trilha mais legal e criou um confronto de vontades que demorará eras pra se resolver.
• A história seguinte é de Beautie, uma personagem esquisita que apareceu aqui e ali nas histórias anteriores e que em Raízes Escuras e Plásticas descobrimos que uma robô em forma de uma boneca (tipo uma Barbie naquele mundo), em tamanho natural.
Além de por toda a biografia dela, a HQ mostra a busca por quem a criou, que ela não se lembra em detalhes. É uma personagem deslocada, que chega a ser grosseira às vezes, mesmo sendo dede boa índole. A cena em que ela descobre uma pista e esquece em seguida, dias depois reencontra a pista, esquece outra vez, etc... mas sempre deixando (não-intencionalmente) mais elementos para ela retomar o fio da meada é muito bem feita e quase que angustiante. No fim, a história deixa uma questão para a pessoa que criou a Beautie resolver, não sua criatura. Outra boa história, com direito a uma pessoa morta por machismo burro :P
• Astra, que já teve uma história de infância contada (uma HQ de 1996), agora (a história é de 2009 e os personagens envelhecem em tempo real^^) é uma recém-formada da faculdade no par de histórias Dia de Formatura e Nó Górdio. Aqui ela mostra ao namorado (um humano normal) parte dos lugares e pessoas exóticas que ela tem acesso como super-heroína. É o tipo de história que revela o caráter dos personagens envolvidos, mas é só legalzinha, sustentada mais pela curiosidade do que vem a seguir na página seguinte (um recurso poderoso, já teve livro RUIM que não pude parar por causa disso)
(Divagação nerd: A Primeira Família, se fosse real, deveria sentir uma pressão (geo)política enorme. Eles fizeram um furo na represa entre nós e o resto do multiverso, pra usufruto próprio :P)
Para Servir e Proteger e Lar na Montanha fecham o volume, estrelando o Agente de Prata, personagem que foi um dos eixos condutores do clima de A Era das Trevas, tanto nas partes mais legais do primeiro volume quanto das mais páia do segundo. Aqui temos uma biografia do personagens e detalhes que faltavam da última aventura dele.... e é uma historinha desnecessária, que não ofende, mas tanto o personagem quanto a série como um todo seguiriam muito bem obrigado sem ela.

# Veredicto: duas histórias acima da média, duas abaixo mas que não são ruins. O aproveitamento ainda é alto :P
# Bom: já rasguei elogios pro infiel e pra uma das cenas da Beautie, e mesmo a história da Astra tem um elenco de coadjuvantes quase que arquétipos bem legais, mas...
# Mau: ...temos a história do Agente de Prata e sua construção. Acho que me importo mais com o Infiel, que só teve uma história, ou com a Beautie, que era uma versão esquisita do Visão até então, que com ele e todo o suposto peso inspiracional que ele supostamente tem naquele universo.
212 páginas • R$30,90 • 2018 • veja no site da editora

• Pluto (de Naoki Urasawa): Pluto: mais uma resenha atrasada™, até porque dá uma preguicinha de resenhar de uma vez só uma série inteira de mangá. O autor fez o famoso mangá 20th Century Boys (que também "tenho e não li ainda"™) e aqui ele recria uma história clássica do Astro Boy (não confundir com o Menino Biônico :P), do Osamu Tezuka.
Basicamente é um futuro e nele os mais fortes robôs do mundo estão sendo destruídos um a um. Um investigador é escalado para isso... e a história já logo no começo tem vários desdobramentos e mais mortes de robôs. Como é um remake de um mangá dos anos 60, o futuro da história é quase utópico pros padrões atuais, naquele estilão em que os Jetsons se enquadra (mas não é bem isso) e que muitos dos robôs são quase humanos, a diferença entre alguns deles e nós é praticamente subjetiva. O tema do preconceito é colocado em pauta várias vezes, além da guerra, da memória (robôs se lembram de TUDO), do que é ser humano.
Apesar do começo magistral, a série perde gás do meio pro fim, encaixando as peças pros arcos finais e, em parte, entregando a narrativa pro protagonista original

# Veredicto: Apesar da finalização ficar devendo (algumas soluções são nhé), o saldo de Pluto continua altamente positivo e continuo recomendando a leitura :P
# Bom: Além da arte excelente, só o primeiro capítulo, contando o início da investigação disse e fez mais sobre robôs que que os doze volumes de Visão =P E faz falta ler algo que se passa num cenário otimista, mesmo tendo suas várias pequenas mentiras
# Mau: o vilão é um clichezinho que lá podia ser melhor trabalhado e, como disse, o conjunto vai perdendo a força nos arcos finais, mas aí já era tarde pra querer escapar da história.
• resenha melhor que a minha: Pluto, o Astro Boy de Naoki Urasawa (e que me fez comprar o gibi quando saiu nas bancas)
8 edições • 200-256 páginas • R$18,90 cada • 2017-2019 • veja no site da editora

• Assim se formou a Bíblia (de Diego Arenhoevel): assim, fim do século passado: eu fazia Letras na USP (língua japonesa, abandonei) e gostava de fuçar a biblioteca da faculdade - um dos subprodutos desse passeio foi o texto do Inferno. Alí achei esse livrinho (e outro que pretendo resenhar na próxima leva) e ele explodiu minha cabeça: pra quem acreditava que o texto bíblico foi escrito linearmente, livro a livro, essa ideia foi implodida de forma irrecuperável aqui: ele mostra, de forma bem didática (até demais, tem exercícios) uma das teorias da formação dessas histórias, com vários exemplos.

# Veredicto: a Hipótese Documental, apresentada aqui, parece estar superada (por algo mais fragmentário ainda, se entendi direito), mas ainda é importante e é bem apresentada.
# Bom: didatismo, humor, vários exemplos (tipo comparar um dos salmos com canto egípcio de época anterior que pode ter sido inspiração)
# Mau: não é exatamente o tema que interessa a qualquer pessoa, né? E, óbvio, não deve ser o texto mais técnico e profundo nesse tema.
170 páginas • So wurde Bibel: Ein Sachbuch zum Alten Testament • edição de 1978 (livro de 1974)


Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui

(Peggy Carter)
Peggy Carter foi o primeiro grande amor na vida do Capitão América (veja Capitão América). Criada por Stan Lee em 1966, ela e o maior defensor da liberdade se conheceram na época da Segunda Guerra Mundial, quando ambos enfrentavam as forças do nazismo, e a jovem era conhecida pelo cognome de Agente 13. Apaixonados desde o primeiro encontro, os dois pretendiam se casar logo após o término do conflito global, mas o destino decidiu dar um rumo diferente as suas vidas. No final da guerra, Peggy foi colhida pelo impacto de uma bomba e mergulhou num profundo estado de amnésia. Quando foi levada para casa por amigos da família que a encontraram, ela só repetia o nome do Capitão América, até que, em 1945, o grande herói foi dado como morto após o acidente que provocou a morte de Bucky e o colocou em estado de animação suspensa (veja Capitão América e Bucky). Quando lhe contaram o trágico destino de seu amado, Peggy Carter parou de falar e passou a se vestir só com roupas pretas. Dez anos depois, os jornais publicaram uma reportagem que abalou o mundo, o Capitão estava vivo. O estado mental de Peggy em muito delicado e seus pais resolveram não lhe dar a notícia, o que foi muito bom pois, mais tarde, todos ficaram sabendo que era uma outra pessoa fazendo-se passar pelo herói. Anos mais tarde, quando o famoso detonam da liberdade foi realmente encontrado pelos Vingadores, ele ingressou na organização de contra-espionagem SHIELD e conheceu a irmã de Peggy, Sharon Carter - também denominada Agente 13 -, e ambos se apaixonaram (veja Sharon Carter). Nesse ínterim, já idosa, Peggy foi levada por seus pais ate um médico que prometeu cura-la. O que ninguém sabia e que esse medico era o terrível vilão Dr. Faustus, e que seu verdadeiro objetivo era conseguir fazer com que a irmã de Sharon lhe revelasse as fraquezas do Capitão para, dessa forma, ele poder destrui-lo (veia Dr. Faustus. Despertada da amnésia pelo choque de ter visto seu grande amor vivo. Peggy ajudou o herói a derrotar os inimigos e voltou a casa dos pais com ele. Durante vários meses ela viveu na ilusão de que poderia restabelecer seu romance com o Capitão, não imaginando que este e sua irmã já namoravam há bastante tempo. Por fim, não suportando mais a situação constrangedora, o Capitão América contou a ex-Agente 13 que amava outra mulher e ela acabou compreendendo que um amor entre os dois era impossível.


Índice: ABCDEFGHIJKLMNOSobre esse projeto

• Beasts of Burden - Rituais Animais (de Evan Dorkin e Jill Thompson): Nessa demanda de, em 2019 em diante, tentar ler tanto quanto consumo (e tentar virar o jogo, a pilha de leitura dá pra umas 3 encarnações de tartaruga gigante de galápagos), Beasts of Burden foi uma das primeiras e das melhores leituras do ano: em Burden Hill, coisas estranhas estão acontecendo e um grupo de cães (e um gato) saem para investigar e resolver os problemas em diversas histórias curtas. Alguns dos comentários abaixo são afetados pela grande distância entre minha leitura e eu tomar coragem vergonha na cara para fazer uma resenha:
• logo no primeiro conto, Abandono, temos os traços característicos da série: mistério, terror (é uma história de fantasmas... de uma casinha de cachorro assombrada) e humor (óbvio que o gato do grupo sofre :P). Também aparece um dos Cães Sábios, que aparecem de quando em quando e são os protagonistas do próximo volume.
• existem humanos nesse mundo e aparecem em Nada Familiar. Nessa história curta, as vilãs são bruxas, que conjuram seres maléficos e tem gatos pretos de estimação.
Não Se Deve Profanar O Sono Dos Cães começa com um cadáver de cachorro, temos cães zumbis e uma sobrevivente do episódio anterior. Se você quer uma revistinha só histórias fofinhas com bichos, é esse o ponto em que você desiste do gibi (azar o teu :P)
• das histórias tristes do volume: Um Cachorro e Seu Menino. Contém: humanos, ou algo assim.
• chuva de sapos, um tipo bizarro de demônio e anúncio de encrencas futuras estão em Aglomeração Tempestuosa.
• com filhotinhos, Perdido é uma das histórias mais tristes e assustadoras que já li, um dos pontos altos do livro.
• No Templo das Tentações Felinas o foco, evidente, é com os gatos da turma. Aventura nos esgotos subterrâneos da cidade, espaço onde não cabem cães, e seus moradores, que tem probleminhas com gatos.
• e o volume encerra em Acontecimentos Fúnebres, com uma batalha e insinuações de que algo maior virá...

# Veredicto: Assim que saiu comprei o novo volume com mais histórias desse universo e já aguardo o terceiro pra 2020 :P Até lá, tá valendo a leitura. Ainda mais, no meio de tanto cachorro, tem um gato laranja =)
# Bom: o roteiro que sabe ser divertido, assustador e triste nas horas certas, com um cast animal cativante, tudo feito no traço da Jill Thompson, que combina perfeitamente. E o formato "histórias soltas se encadeando num conjunto maior" funciona bem aqui.
# Mau: o preço. As histórias são boas, mas o gibi podia ser mais simprão e mais em conta que seria justo =P
188 páginas • R$69,00 • 2017 • veja no site da editora

• Beasts of Burden - Cães Sábios e Homens Nefastos (de Evan Dorkin e Benjamin Dewey): Eu falo que esse é um segundo volume de Beasts of Burden, mas na verdade é um spin-off: uma longa aventura com os "Cães Sábios", que apareceram ajudando os personagens da série normal. Li bem mais recentemente que o anteior e aqui temos algum desenvolvimento de background, também saímos mais do mundo de eventos e seres normais, mas quase tudo o que acontece na história é fora de Burden Hill e, numa primeira vista, não diretamente ligado ao que acontece lá.

# Veredicto: Divertido, mesmo com personagens mais poderosos (capazes de fazer vários tipos de magia e viverem bem mais que o normal), vários níveis acima dos animais "normais" de Beasts of Burden.
# Bom: a história é redonda e os tais Cães Sábios são tão cheios de defeitos e virtudes quanto os outros personagens - só tem mais poder e experiência.
# Mau: não é a Jill Thompson desenhando :P Não que o outro artista seja ruim, mas preferia o traço dela. A parte de "animais overpower" quebra um tanto o encanto de "a vida é normal, mas tem coisas medonhas nas sobras e locais abandonados" que a série principal tem. Pra fechar, achei os vilões bem nhé, e ausência de gatos entre os protagonistas é imperdoável =P
124 páginas • R$59,90 • 2019 • veja no site da editora

• O Perfuraneve (de Jean-Marc Rochette, Jacques Lob e Benjamin Legrand): Por algum motivo a terra congelou e a humanidade acabou, só restando um enorme, sempre em movimento. O livro é composto de três histórias:
• O Perfuraneve (Lob/Rochette, 1982): aqui somos apresentados ao grande trem de "mil e um vagões", em que os ricos ficam nos primeiros vagões, luxuosos e com poucos passageiros, e a coisa vai piorando a medida que nos afastamos da locomotiva. A arte é regular e não transmite o clima de claustrofobia que deve ser viver o resto da vida dentro de um trem. A crítica social é até válida, mas é bem rasa e óbvia, assim como os personagens centrais: o cara caladão que veio do fundão e vai revolucionar tudo, a jovem de classe mais abastada com boas intenções sociais e alguma inocência sobre as regras do jogo político em que se meteu (obviamente eles viram casal e trepam) e os arquétipos político-militares que sustentam a ordem social nesse tipo de nação.
O Explorador (Legrand/Rochette, 1999) e A Travessia (2000): como o primeiro roteirista já tinham morrido, decidem escalar outro pra continuar a história e fazer as segunda e terceira partes. O traço evoluiu, assim como as técnicas de aplicação de tons de cinza. Temos também outro trem (ué, não era pra ter um só?), maior, já que o trem anterior não tinha mais condições de seguir história :P Também temos uma reciclagem mais modernosa dos personagens e do microcosmo: a vida no fundão não parece ser tão ruim, o mocinho ainda faz parte da margem da sociedade, mas a vida não parece ser tão fodida quanto na versão anterior; a mocinha agora é artista e filha do chefe, obviamente com traços de rebeldia, ainda assim tolerada e amada pelo pai. Há um desenvolvimento maior de todo o cenário, mas não vai longe, assim como o roteirista evita investir na tragédia e fazer críticas sociais além do minimamente necessário (exceto aqui e ali, tipo os traidores serem militares e clérigos) (e temos lá a versão local dos terraplanistas :P): o foco está mais na aventura, dentro do que dá pra ter de aventura enfiado num trem preso num mundo a 87 graus Celsius, negativos.
(tá, to sendo injusta, às vezes o personagem até dão um rolê lá fora).
No fim, tudo sai dos trilhos, sem antes sabermos a ligação desse trem com o anterior.

Em tempo: Há uma quarta história, não lançada no Brasil. E o gibi virou filme, que não vi. Mas namorada viu, achou chato. De qualquer forma, deixo aqui o link pro trailler :P

# Veredicto: a viagem não é legal e quase que pedi pra descer.
# Bom: a idéia básica é excelente, de uma simplicidade invejável.
# Mau: Os personagens são bem rasinhos e a história conta bem aquém do que podia se contar - tanto em crítica social, tanto na sensação de se viver naquele veículo. Outro ponto bem negativão é a encadernação do gibi, uma leitura e está tudo começando a estourar =_=
280 páginas • R$59,90 • 2015 • veja no site da editora


Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui

Com monte de resenhas atrasadas, decidi por em dia comentários sobre Astro City, que estou lendo tudo em ordem na medida que tenho tempo :P
E como ainda tenho alguns volumes para ler, vou deixar aqui um índice das resenhas anteriores da série:
Vida na Cidade Grande
Confissão
Álbum de Família

(o título desse post não deve caber no twitter....)

• Astro City: O Anjo Maculado (de Kurt Busiek e Brent Anderson): Minha última releitura (já tinha lido edição de outra editora) antes de entrar em terrenos desconhecidos de Astro City. Mas faz tanto tempo que mal me lembro dos detalhes. Na primeira história somos apresentados à Carl Donewicz, morador de bairro pobre, que na vida rumou ao crime, virou supervilão (porque em Astro City isso é possível) e acabou 20 anos preso. Agora, fora da cadeia quer recomeçar a vida, longe de encrencas.
Mas quem quer dar emprego honesto à um ex-presidiário, ainda mais com pele cromada e blindada? :P Com o passar das páginas, ele volta ao antigo bairro, onde residem outros que seguiram a carreira de supervilão e suas famílias, e lá ele é contratado pela comunidades para descobrir quem é que anda assassinando super-criminosos e membros da comunidade.

# Veredicto: quando recomecei a ler, admito que não lembrava se tinha gostado ou não da história. Com o passar das páginas eu estava "putz, como me esqueci dessa história??"
# Bom: além da construção ótima e caracterização dos personagens, dois temas foram bem trabalhados, pra mim: um é a ilusão do dinheiro fácil, o de "vou sair dessa vida depois do próximo trabalho que vai resolver tudo". Outro, menor aqui, é o peso da decadência, da dor de perceber que nunca foi tão bom assim, o desespero em fugir da sensação de fracasso.
# Mau: desperdício de um personagem interessante e o vilão até que é bem construído, mas é meio mequetrefe :P
196 páginas • R$25,90 • 2016 • veja no site da editora

• Astro City: Heróis Locais (de Kurt Busiek e Brent Anderson): Mais um volume de histórias curtas passadas em Astro City, nos moldes de Vida na Cidade Grande e Álbum de Família:
• A cidade pelo ponto de vista de um funcionário de hotel da cidade, que recepciona novos visitantes ao estabelecimento e à cidade em "Recém-Chegados". A história do profissional é mais legal que a dos hóspedes que ele pinça naquele dia, mas o melhor é o arco sutil que surge sem te avisar na segunda página e te surpreende sendo fechado na última.
• Como é trabalhar com gibis de super-heróis numa cidade povoada de superseres? Em Busca de Ação é trágica, engraçada e a melhor história da revista.
Altas Expectativas é bem contada, mas o tema de alguém que finge/atua ser um (super-)herói ter de encarar a coisa real é meio batidinho já.
• Me lembrei das velhas histórias do Super-Homem/Superboy dos anos 60 em que a personagem feminina (Lois Lane ou Lana Lang) vivia correndo atrás do herói para desmascará-lo. Em Armadura Brilhante o tema é extrapolado ao realismo e... o autor mostra o quão infantil era esse tipo de enredo e seus personagens.
• Moça da cidade vai ter férias a contragosto no interior em Pastoral, com seus preconceitos e descobertas. Sim, tem um super-herói local, mas não curti tanto essa história (apesar de ser a preferida do cara que escreveu a introdução do gibi).
• Um advogado colocando no tribunal a lógica de um mundo em superpoderes existem (leia-se controle mental, clones, seres imortais...) pra livrar a pele do filho de um gangster culpado até o último fio de cabelo. A história é contada em duas partes (Bata na Madeira e Sistemas de Justiça) e também é um dos pontos altos do volume.
Tempos Idos mostra um velho herói sendo colocado à contragosto numa batalha por causa de um ex-aliado "normal" que no fundo queria um retorno aos velhos tempos em que ele também era alguém.
• e, pr fim, "Depois do Incêndio", uma história curtinha que pelo jeito foi feita às pressas pra homenagear os bombeiros e outros profissionais que se perderam no Onze e Setembro.

# Veredicto: mais um punhado de histórias curtas e vão se acabar os arquétipos de "cidadão normal" para o Busiek trabalhar :P Birra à parte, o saldo é positivo, tem pérolas aqui, mesmo achando que o autor se dá melhor em histórias mais longas.
# Bom: quando o absurdo de viver em um gibi é colocada de forma cotidiana e os personagens lidam com isso de forma natural :)
# Mau: algumas histórias se sairiam melhor se fossem desenvolvidas com mais páginas, mesmo como trama secundária num arco maior.
260 páginas • R$28,90 • 2016 • veja no site da editora

• Astro City: A Era das Trevas 1 - Irmãos & Outros Estranhos (de Kurt Busiek e Brent Anderson): E aqui começamos o maior arco de histórias já feitos em AC: esse volume se passa nos anos 70 do século passado, centrado em dois irmão, sendo que um se tornou policial e o outro foi pra malandragem e pequenos furtos. Aquele tenta se manter honesto, e às vezes tem de lidar com super-heróis dificultando seu trabalho na polícia, este tem como princípio não matar, mesmo se envolvendo em gangues controladas por supercriminososos. Paralelo a isso temos a tensão do fim da guerra do Vietnã e do governo Nixon, além do julgamento de um grandes heróis daquela cidade, além do desenvolvimento (acompanhados meio à distância) de vários outros personagens, vários já apresentados nos volumes anteriores.

# Veredicto: É um dos pontos altos da série =)
# Bom: a caracterização da época está linda de convincente, os personagens centrais cativam o leitor e a construção do mundo é invejável.
# Mau: em todo um subtexto sobre pena de morte... e a irreversibilidade dela ao descobrir a inocência do condenado. Isso é feito de forma meio jogada, e o roteirista faz uma pequena trapaça permitida pelo gênero que é até interessante, mas tira o impacto, ou não trabalha isso direito.
260 páginas • R$28,90 • 2016 • veja no site da editora

• Astro City: A Era das Trevas 2 - Irmãos em Armas (de Kurt Busiek e Brent Anderson): Estamos nos anos 80 e nossos personagens em vez de estarem na margem do super-heroísmo, se jogaram nas fronteiras internas dele: o policial vira agente de uma super-agência governamental (nos moldes da Shield) e o malandro se infiltra numa super-organização terrorista de gibi, tudo para caçarem pelo mundo o homem que matou seus pais.
É uma história sobre a obsessão por vingança, tanto dos personagens, quanto da sociedade, mas tem tanta coisa colorida acontecendo em torno que o tema perde oportunidades de impactar o leitor. O fim (epílogo incluso) é previsível, mas ao menos é simpático, depois de tanta tensão e de gente fazendo cara de mau.

# Veredicto: A parte final dA Era das Trevas é bom, mas aquém à primeira - tanto na caracterização de personagens, de época e abordagem de temas.
# Bom: a crítica da sociedade em ficar buscando culpados para eliminar, e a consequência disso (você nunca sabe se você pode ser o próximo bode expiatório) é uma boa metáfora.
# Mau: super-heróico demais, os irmãos tinham vários elementos no volume 1 que podiam ser retomados de forma interessante, mas que foram simplesmente deixados pra lá em nome da vingança :P E, por causa do ponto de vista das histórias bem fixo, algumas coisas vitais acontecem lá longe e só temos a vaga idéia do que aconteceu. Às vezes isso é frustrante =p
244 páginas • R$34,90 • 2018 • veja no site da editora

• Um Vento À Porta (de Madeleine L'Engle): Continuação de Uma Dobra no Tempo: nela nossa protagonista encontra estranhos seres para brigar com seres mais estranhos ainda, indo para num mundo microscópico dentro das mitocôndrias do irmão para salva-lo. Parece legal? Na capa li com desconfiança e não me decepcionei: não gostei e não recomendo.

# Veredicto: comecei o terceiro livro e se ele não me interessar, dropo a série toda.
# Bom: o conceito visual do querubim, Proginoskes =)
# Mau: o livro fica tão abstrato e descativante que em certo ponto que não estava mais me importando com trama, personagens, objetivos, só queria chegar ao fim daquilo logo. Outro ponto é que pelo jeito a autora não sabia terminar livros e, pra completar, ela faz seus personagens darem chocolates pra um cachorro (o alimento é tóxico pros bichos....)
224 páginas • A Wind in the Door • edição de 2018 (livro de 1973) • veja no site da editora


Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui
  1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83  

Find recent content on the main index or look in the archives to find all content.

Pages

Powered by Movable Type 5.13-en